Há uma cena em “The spectacular now” que sempre me marcou: Aimee e Sutter, dois finalistas do liceu, caminham ao longo de um trilho, enqunato uma festa decrroe atrás de si. Falam sobre o futuro e sobre o presente. O medo da mudança. O saber que tudo está prestes a mudar. E enquanto tudo isto acontece, a câmara apenas os acompanha, suavemente. Quase que nem nos apercebemos da distância que eles já percorreram. As suas preocupações são tão genuínas que tam.ém nos preocupam.
“The spectacular now” é um filme marcado por uma beleza extrema e por uma honestidade rara no cinema moderno. Se há partida parece apenas mais um filme de adolescentes, depressa mostra que tem uma sofisticação surpreendente. O filme compreende os seus protagonistas. Respeita-os. Aimee e Sutter são mais do que personagens: são cópias de pessoas que todos nós conhecemos no secundário. Muitas vezes são nós próprios.
Sutter é um jovem que não sabe o que quer do futuro. Vive para as festas e para os romances rápidos. É um defensor máximo da filosofia de viver no presente. Aimee é o seu oposto. É uma rapariga inteligente, que sabe bem o que quer fazer da sua vida. No entanto, quanto estes se conhecem, percebemos depressa que a sua relação funciona. Ao contrário da maioria dos outros filmes do género “The spectacular now” dá uma genuinidade total a estes dois adolescentes que nós realmente sentimos que eles pertencem juntos. O filme nunca sente necessidade de acelerar, nem de criar linhas de argumento complexas. Apenas retrata o último ano de secundário destes dois jovens, de uma forma tão banal que se torna, ela própria, “espetacular”.
Quando vi “The spectaular now” pela primeira vez estava a meio do secundário. E foi daqueles filmes que acertou de tal maneira, que nunca mais o esqueci. É que eu conhecia pessoas idêntica a esta Aimee e este Sutter. Eles eram meus colegas. Eram pessoas que eu via a passear nos corredores da escola. Eles eram uma representação perfeita de todas as inseguranças que eu sentia naquele momento. O medo do futuro. O tentar aproveitar o presente. A ansiedade do desconhecido.
Assim, não tenho muito mais a dizer sobre “The spectacular now”, para além de que é uma obra-prima que merece ser vista. Este foi também um dos últimos filmes que Roger Ebert viu antes de falecer. Ebert terminou a sua crítica de uma forma tão honrosa, que vou ter de a citar como conclusão: “We have gone through senior year with these two. We have known them. We have been them”.
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